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  • Foto do escritorGustavo Curcio

Não coloque toda a culpa na pandemia

Atualizado: 16 de dez. de 2022

Há algum tempo ouvi de duas pessoas que se encontraram no supermercado o seguinte: se já não bastassem tantos impostos ainda vem esse vírus e acaba com nosso trabalho. Meu negócio faliu!




Olha, não quero minimizar o impacto da pandemia do Covid 19. De forma alguma. Mas uma coisa nesse contexto aqui dessa conversa é fato: Essa empresa, assim como tantas outras, já estava agonizando há muito tempo. A pandemia foi a gota d'água, a "pá de cal" que sacramentou o seu, previsível, fim.


1 | Visão de Brasil

E para não parecer arrogante - apesar de não estar nem um pouco preocupado com isso - vou fundamentar essa minha afirmação com três dados:


Primeiro, de um artigo que extraí do Jornal Valor Econômico, com dados do IBGE, publica em outubro de 2020:

  • Maioria das empresa no país não dura mais de 10 anos!

  • Uma em cada cinco empresas fecham no primeiro ano de vida.

Esse artigo se baseou em dados coletados desde 2008, ou seja, de empresas que iniciaram suas atividades naquele ano, antes da pandemia, antes do Bolsonaro, antes da Dilma, antes do Temer antes de qualquer desculpa que qualquer pessoa possa dar ao seu fracasso como empresário.


2 | Visão de mundo

Sou Contador. Porém, a primeira faculdade que ingressei foi a de Administração de Empresas. E àquela época, acho que 1999, um professor indicou a leitura de um livro dos anos 60 que, segundo ele, marcaria nossa carreia: Feitas para Durar - Práticas bem sucedidas de empresas visionárias. Autores: James C. Collins e Jerry I. Porras.


Bem, a começar pelo nome do autor, esse livro não serve de porra nenhuma, ou melhor, serve sim: Para nos ensinar que nada é eterno, nada é para sempre e que estabilidade não existe. Então vamos a algumas empresas listadas nesse livro:



Wells Fargo

Fundado em 1852, em São Francisco, CA, esse banco é tido como excepcional pelos autores porque, dentre outras razões, ele sobreviveu à crise do setor bancário da Califórnia em 1855. Uaaaal! Que critério, heim!?

Então, em 2008, segundo matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo em 28/10/2010, o banco foi considerado um dos protagonistas da Crise de 2008 - aquela que abalou o mundo, o planeta Terra. E sabe por que? Por ter concedido, vendido empréstimos imobiliários, entre 2005 e 2007, que sabia ser de alto risco, as "subprimes". E por essa traquinagem, o banco foi multado em U$ 2,1 bilhões. Uma bagatela já que bilhões de dólares do dinheiro do contribuinte foi usado para salvar os bancos falidos.


Mas espera, tem mais. Vejam esse artigo publicado no www.braziljounal.com de 17/05/2018: "Mesmo depois de terem sido proibidos (pelo FED - O Banco Central Americano) de crescer, pela abertura fraudulenta de contas descobriu-se que funcionários fraudaram dados de clientes corporativos ao longo de 2017 e início de 2018 para tentar se adequar às regras mais restritas de combate à lavagem de dinheiro...numa aparente tentativa de não perderem esses clientes.


Quer saber a minha conclusão até aqui? Esse banco só está de pé porque recebeu ajuda de cerca de U$ 25 bilhões do governo americano para não falir e, claro, segue cometendo fraudes para manter sua operação.


Reflexão 2.1

Como sua empresa é gerida? Você oferece um serviço nota 10 mas entrega um nota 5? E quanto aos produtos comercializados, você adultera a data de validade ou vende produto de quinta categoria como se fosse de primeira?


Quanto aos impostos, sonega ou paga em dia? Ahhh, aquele imposto de renda e INSS que você desconta do seu funcionário mensalmente, você está usando essa grana para pagar fornecedores ou para pagar aquela prestação do carrão dos sonhos?


Só para te lembrar: Descontar imposto do funcionário e não recolhê-los aos cofres públicos é crime e chama-se apropriação indébita (Lei 8.1337/90):


Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:


II – deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos.


Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa”.



Zenith

Fundada em 1923, era grande fornecedora de equipamentos eletrônicos para o governo; lançou o primeiro rádio portátil do mundo. Sim, aquele que seu avô carregava para todo lado. A partir dos anos 70 a empresa começou a perder para os japoneses no mercado de televisores. Em 1979, entrou para o mercado de computadores, mas não obteve sucesso. No final dos anos 80 vendeu 5% da empresa para a francesa Groupe Bull. Em 1995 a LG comprou 55% do negócio e, em 1999, em troca de suas dívidas, mais 45% do negócio.


Para reflexão 2.2

Agora eu te pergunto? A Zenith desapareceu, certo? Mas a LG não continua fabricando televisores? Pois é, o problema não era o mercado ou a concorrência mas a gestão. Concordam?



3 | Visão acadêmica

No início da faculdade de Ciências Contábeis estudamos os Princípios da Contabilidade e a Resolução do CFC nr. 750/93 que depois foi revogada e incorporada ao CPC 00. Guardem essa palavra: Princípios.


Pois bem, dentre esses princípios está o da entidade que reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade. Ademais, afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular (do sócio) no universo dos patrimônios existentes (da empresa, por exemplo).


Pois bem, o problema mais comum em muitos negócios é justamente esse: O sujeito criou uma empresa, foi bem sucedido (parabéns por isso) mas esqueceu que para empreender é preciso se atualizar, estudar e estar bem assessorado. Daí, ele esquece, ou não quer saber, que a sua pessoa física é diferente da pessoa jurídica da sua empresa. Em outras palavras: O caixa da sua empresa não é a sua carteira. Então:

  • Ele compra o carrão dos sonhos pelo CNPJ da empresa. E é a empresa que paga;

  • Ele paga as contas da família pelo caixa da empresa;

  • Ele banca a amante com o dinheiro da empresa;

  • Ele compra a casa de praia com o dinheiro da empresa;

  • Ele atrasa fornecedores ou o pagamento das férias ou até o aumento daquele funcionário imprescindível para bancar a festa de arromba de 15 anos da filha;

  • Ele atrasa o pagamento dos impostos para comprar, com o dinheiro da empresa, o carro para filho que, afinal, passou no vestibular etc.


E de tudo isso que listei acima, você, empresário, pode fazer o que quiser, afinal, a empresa é sua (mas lembro que as consequências também). Contudo, lembre-se: que seja com o seu dinheiro, da sua retirada, do seu pró labore.


Reflexão 3.1

Empresário, você precisa estabelecer uma retirada mensal com base na rentabilidade da empresa e ponto. Você não pode esquecer que de toda aquela grana que passa por suas mãos todo mês, APENAS UMA PARTE MUITO PEQUENA ficará com você. Todo o restante, A MAIOR PARTE será para pagar impostos, fornecedores, funcionários e para reinvestir no seu negócio para garantir sua perpetuidade.


Pense comigo: Segundo estudos, um supermercado tem rentabilidade média de 2 a 4%. Isso quer dizer que para cada R$ 1 milhão de faturamento você terá um lucro de R$ 40 mil. Sabe o que isso quer dizer: Que R$ 960 mil, simplesmente, passaram por sua mão. Não são seus!


Além disso, quando você decidiu empreender, você já sabia que teria que pagar impostos. Ninguém escondeu isso de você. Portanto, aqui vai uma dica: Se está difícil pagá-los, mapeie seus gastos, pense em formas de aumentar as vendas, torne sua operação mais enxuta porque aumentar o número de funcionários deve ser a última opção. Volte a trabalhar como você trabalhava antes, esteja à frente, cobre, exija, mas não sonegue. Sonegar é crime. Crime... E não se resolve um problema criando-se outro problema. Veja lá na Lei 8.137/90: "Crimes contra ordem tributária."


Portanto, tenha princípios, pelo menos, para garantir a perpetuidade do seu negócio, o seu sustento e de sua família.


4 | Minha visão

Muito antes de ser consultor, sou filho de comerciante - que também faliu por incompetência dele e de seus sócios - e conheço muito bem os bastidores de muitos negócios por ter múltiplas perspectivas: de filho de comerciante que faliu, de empregado de empresa que perdia dinheiro e de consultor.


E nesses 20 anos de mercado o que tenho visto é isso: o mesmo problema se repetindo nos mais variados tipos e tamanhos de empresas.


E olha que interessante: Esses problemas são tão comuns que o SEBRAE trouxe para o Brasil o Empretec, um programa na Organização das Nações Unidas (ONU) que mapeou em todo o mundo características, princípios, essenciais para se administrar bem um negócio. E sabe por que? Fácil! Estuda-se para ser advogado, contador, engenheiro, médico, arquiteto, professor, dentista etc, mas poucos, pouquíssimos querem estudar para continuar empreendendo ou mesmo, estar bem assessorado para isso.


Curiosidade

O brilhante arquiteto visionário Buckminster Fuller nos anos 1980. Em seu livro “Caminho Crítico”, descreveu a curva de crescimento do conhecimento da humanidade a partir do ano 1dC.


Para o conhecimento dobrar pela primeira vez, foram necessários 1500 anos. A segunda vez que o conhecimento dobrou foi em 1750, levando, portanto, 250 anos para isso (seis vezes menos tempo do que na primeira vez). O ritmo foi acelerando de forma que em 1900, o conhecimento humano dobrava aproximadamente a cada 100 anos e no final da 2a Guerra Mundial passou a dobrar já a cada 25 anos.


Hoje, estima-se que o conhecimento humano dobre a cada ano com previsões de que até 2020, esse ritmo seja a cada 12 horas! (Fonte: www.canaldoempresario.com.br)


E de agora em diante saiba que inovação não é, simplesmente, investir em tecnologia, em novos computadores ou colocar sua empresa nas redes sociais. Isso é APENAS parte da inovação e que de nada valerá se, junto a isso, não ocorrerem mudanças na sua gestão, na forma de melhor empregar o dinheiro, de contratar e na sua relação com fornecedores e clientes. Ah, deixei essa por último: a mudança, a inovação, tem que começar dentro de você, no seu coração... na sua mente.


Depois de tudo isso...

Quero que você reflita: Bastou um único mês sem faturamento, e muitas empresas faliram! Um único mês! Não havia reserva de emergência? Ahh não, esqueci, você precisava trocar de carro, afinal, você trabalha tanto e tem que trocar de carro todos os anos. Meu irmão, trocar de carro é mais importante que manter sua empresa funcionando, seu ganha pão, o sustento da sua família e das famílias dos seus funcionários?


Mas continuemos pois quero trazer mais um problema: toda empresa, todos os anos, paga 13º salário, e todos os anos, recorre a capital de giro e empréstimos caríssimos preferindo pagarem 12 meses de juros a banco do que pouparem 12 meses para, final do ano, pagarem esse direito trabalhista. Então eu te pergunto: Porque você não se planeja e PARE de pagar juros abusivos a esses bancos? Juros que corroem a sua margem, o seu lucro. Poupe.


Se você gastasse R$ 100 mil com 13º salário. Você pode juntar R$ 1.923,07 por semana ou R$ 275,00 por dia. Eu te garanto, mais barato que pagar juros para banco.


Agora me diz: Afinal, o que faz as empresas quebrarem?



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  2023  RATIO é a marca que se refere a Ratio & Faber Consultoria Ltda. Todos os direitos reservados.  A empresa cumpre e observa todas as normas legais e regulatórias profissionais, além de aplicar as melhores práticas do mercado e adotar os princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil.  A marca também é utilizada por escritórios e profissionais autônomos credenciados pela empresa e devidamente habilitados pelos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) ou pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de seus respectivos estados.  Nosso CNPJ é o 36.026.156/0001-99.

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